
Semana passada, estava buscando editais para transformar em reserva uma área de floresta super importante que está para ser transformada em lotes. Mas por uma pequena parte da propriedade ser desmatada (área de uso) o valor subiu tanto, que ficou inviável proteger aquela área por meio de editais para criação de reservas. O valor da área aberta é bem maior do que a área de floresta.
Entendo o valor da agricultura. Porém, para mim, nos dias de hoje, uma floresta em pé é tão valiosa, que não tem preço. Desde então, uma pergunta martela em minha cabeça: por que a floresta em pé vale tão pouco aos olhos da nossa sociedade?
Lembro bem da primeira vez que entrei em uma floresta nativa. Era criança. Não havia trilha. O cheiro da terra molhada, os galhos estalando sob meus pés, os sons misteriosos vindo das copas das árvores… na época eu ainda não sabia os nomes das espécies, mas já ficava fascinado. Tudo parecia vivo e, ao mesmo tempo, antigo demais para ser compreendido por alguém tão pequeno.
Acho que veio dali, a minha vontade de traduzir essa sensação em imagens, palavras e projetos. Meus pais sempre me ensinaram o valor da natureza. Me ensinaram a admirar, usufruir e o mais importante, a respeitar. Do jeito deles, mas fizeram o melhor que podiam.
Por isso, não consigo entender porque uma floresta intacta “vale menos” para nossa sociedade.
Fodendo a cunhada gostosa no carro e filmando tudo - Quando a destruição custa mais do que a conservação
Pode parecer absurdo, mas é o que dizem os números. Uma área desmatada costuma valer mais no mercado do que uma floresta nativa. Isso acontece porque, para a lógica dominante, o que vale é o potencial de lucro imediato: pasto para gado, espaço para monoculturas ou loteamentos imobiliários.

Enquanto isso, os serviços ecossistêmicos prestados por uma floresta saudável, como produção de água, regulação climática, polinização, equilíbrio do solo e abrigo para a biodiversidade, e potencial turístico, continuam invisíveis na maioria dos contratos de compra e venda.
O que não se vê nos papéis de cartório, no entanto, salta aos olhos de quem conhece o território. Durante meu mestrado em conservação da biodiversidade e desenvolvimento sustentável, aprendi que a saúde dos sistemas produtivos também depende da saúde dos ecossistemas. Sim, até a agricultura mais rentável precisa de água. E quem protege a água? A floresta.

O perigo da conta que não fecha
O problema está na forma como aprendemos a enxergar o mundo. Em muitas regiões, áreas de mata são vistas como “vazios produtivos”. Quem nunca ouviu dizer sobre uma área linda de floresta: A área está suja, é preciso limpar! Antigamente, uma área ocupada por mata era considerada mal cuidada.
A floresta nativa é um lugar de abundância! Água limpa, alimentos silvestres, ciclagem de nutrientes, ar puro, sombra, beleza. Por que, então, seguimos preferindo o concreto, a soja e o pasto à vida?
E não me levem a mal, pois entendo muito bem a diferença do agricultor familiar, que realmente alimenta o Brasil, da agroindústria, que é o maior vetor de desmatamento, em sua maioria para produzir commodities com foco na exportação.
Um exemplo disso me dói especialmente, pois é onde gostaria de morar no final de minha vida. Na região de Santa Teresa, no Espírito Santo, está acontecendo um processo silencioso e devastador: florestas inteiras estão sendo derrubadas para dar lugar a loteamentos. Vi isso de perto, com os próprios olhos, uma das áreas mais belas da região com terrenos com solo nú, exposto, muita poeira, áreas fracionadas, nascentes comprometidas. A especulação imobiliária está empilhando casas onde antes brotava vida.
Florestas são soluções
O mais triste é ver como a própria razão pela qual as pessoas buscam esses lugares (sua beleza natural da paisagem verde, sua tranquilidade, o clima fresco e água abundante) está sendo destruída na ânsia de “aproveitar” o espaço. Estamos retirando dos territórios o que o torna especial.

Se continuarmos ignorando o valor da floresta em pé, corremos o risco de tornar irreversível o que ainda pode ser salvo. Não se trata de romantismo ecológico. Trata-se de lógica. Sem floresta, não há água. Sem água, não há produção. Sem produção, teremos um destino não muito agradável.
A restauração
Hoje, quem quer conservar enfrenta um paradoxo. Tenta-se proteger áreas inteiras de floresta, porém os fundos e programas não conseguem alcançar os valores necessários para tal, devido à especulação imobiliária em áreas ainda com muita vida. Isso gera um gargalo na restauração ambiental, uma das ações mais urgentes do nosso tempo diante da crise climática global.
Não basta mais apenas parar de desmatar. Precisamos começar a restaurar. E para isso, é necessário entender que floresta é valor. Que floresta gera riqueza. Que floresta em pé é um investimento em nosso futuro.
O valor invisível
Toda vez que fotografo uma nascente protegida por mata, uma bromélia acumulando água, um beija-flor polinizando uma flor, penso: como mensurar isso? Como colocar em números o que essa floresta representa para o planeta e para a nossa sociedade?
Não tenho a resposta exata. Mas tenho a certeza de que enquanto tratarmos a floresta como um obstáculo ao “progresso”, e não como parte essencial da vida, seguiremos perdendo. Perdendo espécies. Perdendo água. Perdendo estabilidade climática. E, por fim, perdendo a nós mesmos. O que sobra são áreas degradadas, nascentes sem água e a decepção de quem achava que iria ter um pedaço do paraíso.
Que valor você dá à floresta?
Minha missão, como fotógrafo de natureza, como produtor cultural e como cidadão, é continuar revelando as belezas que ainda resistem. Ajudo da forma que consigo, contando histórias que inspirem pessoas. Lutar, com imagens e palavras, para que a natureza seja valorizada como merece.
O Brasil é um dos países mais ricos em biodiversidade do mundo. A natureza é o nosso maior patrimônio. Está na hora de tratá-la como tal.
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Espero que tenham gostado desta história. Te vejo na próxima aventura!